VINHO + ROCK ALTERNATIVO + ETC.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

QUAL VINHO COMBINA COM O PÔSTER DA SUA BANDA PREFERIDA?

INDIE WINE TRAZ CINCO SUGESTÕES DE HARMONIZAÇÃO DE VINHOS COM PÔSTERS DE ROCK. 




           Não importa o tamanho do show, sempre haverá um pôster anunciando a data, hora e local da gig. E isso não vale só para o rock. Na década de 60 os pôsters de jazz ditaram a direção de arte da época, influenciando um bando de artistas e designers que vieram a seguir. A questão é que no rock o pôster é um pouco mais democrático. Um porque existem muito mais bandas de rock do que bandas jazz - ainda bem. Dois porque o rock, mais do que qualquer outro estilo musical, sempre teve uma ligação direta com a imagem. Rock tem a ver com atitude, não só notas musicais. E atitude é, além do som, a foto, o vídeo e o pôster de quem faz o som. 
          No mundo do rock toda banda ou artista sempre desenvolve uma linguagem visual. Não é de hoje que as grandes bandas usam e abusam de maquiavélicas e diabólicas estratégias de marketing. O empresário do Kiss, por exemplo, viu um show do Secos e Molhados no México e roubou a idéia da maquiagem, acrescentando botas de plataforma, machados e um pouco de sangue jorrando da boca do baixista Genne Simons. Não deu outra. Em pouco tempo a molecada toda queria ser o Kiss. A estratégia era tão poderosa que eu, aqui no Brasil, depois de ver um, apenas um vídeo clipe do Kiss, catei meu irmão menor no parquinho, pintei uma estrela no seu olho, pintei um raio no meu e montamos uma banda imaginária com o original nome de Kiss Brothers. Teve show para as avós e tudo. Infelizmente a apresentação era baseada 100% em playback, pois não sabíamos arranhar nenhum instrumento ainda. Ah, se fosse hoje... Mas enfim, voltando aos pôsters, quem não pode contratar o empresário do Kiss, acaba dando um jeito. As bandas de garagem, por exemplo, sempre têm algum amigo designer. E já é o suficiente. Com atitude e criatividade surgem pôsters extremamente originais, coloridos e estilosos. Cada um com uma peculiaridade, cada um com a sua viagem. Mais ou menos como no mundo dos vinhos.
              Por isso aí vão 5 sugestões de harmonização de pôsters de rock com vinhos. Seja pelas cores, seja pelo conteúdo ou pelo traço, cada pôster combina com um certo vinho. Inclusive muitos desse pôsters, ficariam lindos como rótulos alternativos. 

Beck  x  Torrontes Colomé





Se esse pôster representasse alguma música do Beck, com certeza seria Debra. Uma música que lembra mais Curtis Mainfield do que o próprio Beck. É lenta, intensa, nostálgica e cafajeste. Na letra um rapaz confessa que a namorada não basta. Ele também quer dormir com Debra, ninguém menos do que a irmã da namorada. Com certeza o atormentado cidadão teve essa idéia sozinho, olhando uma paisagem igualzinha a do pôster. Apreciou o céu laranja, viu o rasante das gaivotas, deu um gole no vinho, lembrou que estava vivo e pensou: "Eu quero a irmã. E eu quero junto." A questão é: que vinho será que ele estava degustando durante o  inspirador insight?  Indie Wine foi atrás e descobriu. O vinho em questão é o Colomé Torrontes 2008. Um vinho feito 100% com a uva Torrontes, com um sabor inconfundível, denso e aromático, lembrando flores e frutas tropicais. Um vinho tão sedutor quanto a música do Beck, perfeito para acompanhar céu laranja + praia + frutos do mar. Se estiver na praia, peça uma mesa de frente para o mar. E uma mesa para três: você, Jenny e a irmã Debra. Quem sabe a noite se estende. R$41/Decanter.



Vampire Weekend x  Clos Apalta














                   O inebriante (?) pôster do Vampire Weekend é simplesmente inebriante (?). Parece mais um rótulo de vinho e/ou absinto do que um pôster de rock. E talvez por isso seja um lindo pôster de rock. Porque é completamente fora da caixa, longe do óbvio. Suas cores mais fechadas e seu traço arredondado pedem um tinto com características parecidas. Foi por isso que trouxemos o Clos Apalta. Um vinho feito no Vale do Colchágua no Chile pela Casa Lapostole, com uma mistura de merlot, carmenére e cabernet sauvignon. Um vinho mais sério e aveludado, que lembra frutas maduras e cereja, com sabores agradáveis e contidos apesar de uma impressionante concentração de 14,5%. No estilo do pôster e do próprio Vampire Weekend, consegue ter pegada, classe e peso sem ligar sequer um pedal de distorção. O preço varia de 75 a 400 Reais, dependendo da safra. Um Clos Apalta 2006, por exemplo, é bem mais caro que o 2007. O problema é que está esgotado, tanto na loja quanto no site da importadora Mistral. Mas vale perguntar quando chega um novo carregamento.


She Wants Revange x Brunello Biondi Santi*






         Uma garota é capaz de tudo por  vingança. O pôster do She Wants Revange ilustra justamente isso. O sonho de muitas garotas que acordam com uma sede maluca e incontrolável de se vingar do ex-namorado, marido, amante ou ficante. Na obra, por exemplo, vemos uma feliz e inocente moça prestes a degustar a cabeça do ex-namorado, espetada a um garfo. Não vamos entrar no mérito do que o cara aprontou para merecer ter a cabeça espetada no garfo. Vamos entrar em um mérito ainda melhor: qual o melhor vinho para degustar junto com a cabeça dele? Qual a uva harmoniza bem com a cabeça de um pobre homem? Um Pinot Noir? Talvez seja muito leve. Um Syrah? Muito impessoal. A situação é histórica. A grande vingança se concretizou. O jantar pede um grande vinho, talvez o melhor da adega. Talvez o melhor de todas as adegas. Por isso o eleito é o italiano dos italianos, a lenda que deu origem a série: Tenutta Greppo Brunello de Montalcino Riserva 1971 Biondi Santi. O vinho faz parte da história da vinicultura italiana. Biondi Santi é ninguém menos do que o cara que tornou Brunello uma Denominação de Origem Controlada, tão ou mais importante do que Amarone e Barolo. O vinho precisa de anos e anos para se revelar. Mas quando se abre, supera todas as expectativas. Corpo, aromas, frutas, personalidade, classe. Vale cada centavo. Quando se trata de cabeça de ex-namorado, harmoniza perfeitamente com o miolo mole, olhos, orelha e a língua. Língua que o coitado tanto usou para seduzir e mentir para a triunfante vingada.

*ps:
o Windie Wine tem o pé no chão e sabe que, pelo preço, o Biondi Santi não é para o bico do próprio Windie Wine e para 99.9% dos tomadores de vinho. Custa mais do que 1.00 Reais. Talvez seja para o bico do Keith Richards, Bowie ou Michael Jackson (in memorium). Por isso vai a sugestão do irmão mais novo do Brunello de Montalcino, tão especial quanto, delicioso e bem mais acessível e de um grande produtor italiano, perfeito para comer com o fígado de traidores: Frescobaldi Rosso de Montalcino Campo Ai Sassi 07. (R$130/Grandcru)


Arctic Monkeys x Ice Wine














          






         Esse é um dos pôsters mais legais da coleção particular do Windie Wine. É literalmente o macaco do ártico, de gravatinha borboleta, tomando o seu sorvete no meio da neve. E a pergunta que não quer calar é: qual o vinho mais legal para harmonizar com o nosso macaco? Ainda mais: qual o vinho perfeito para se harmonizar com o sorvete do macaco? Pelo clima gelado e pela sobremesa peculiar do pequeno símio, só pode ser um tipo de vinho. Um vinho alternativo e ainda raro no Brasil, o Ice Wine. Isso mesmo. Ice Wine, o vinho de gelo. O Ice Wine, ou Eiswien, é um vinho feito em países de extremo frio, como Áustria, Alemãnha e Canadá, aonde as uvas são colhidas no inverno, quando estão congeladas, a menos de 3 graus negativos. Dessa maneira ela concentra ainda mais sabores e aromas do seu terroir. O resultado é um vinho denso, original, com compotas de frutas brancas, algumas características cítricas e mel. Perfeito para acompanhar doces, bolos, tortas e até o sorvetinho do macaco. Por ser difícil de encontrar e fazer, o preço do Ice Wine ainda é um pouco salgado. O canadense Cave Spring, 100% Riesling, sai por R$297,00 na Winestore.com. O Brasil também resolveu entrar na empreitada do Ice Wine e o produtor Pericó lançou o primeiro Ice Wine brasileiro, em Santa Catarina. Boa dica para o macaquinho, quando ele vier passar férias de verão aqui pelo Brasil. 

Built to Spill x Finca Sandoval















           O Built to Spill é um trio independente de Idaho, nos Estados Unidos, que teve a sorte e talento de assinar com a Warner e ainda continuar sendo indie. É sem dúvida uma das bandas indie mais reconhecida da América do Norte. A música Carry the Zero é tão cativante e selvagem quanto a coruja do pôster. Esse foi um dos pontos de partida da harmonização: cativante e selvagem. O outro ponto foi o fato da coruja estar um pouquinho acima do peso. Portanto, somando tudo, precisamos de um vinho com as seguintes características: cativante, selvagem, carismático e gordinho (?). Será que esse vinho existe? Mas é claro que sim. Ele é o Finca Sandoval 2006. Uma mistura de Syrah (76%), Mouvedre (13%) e Bobal (11%). Só o rótulo com o passarinho já vale o vinho. Sem falar que harmoniza estéticamente com a nossa coruja. Robert Parker concorda com tudo, já que deu 94 pontos ao bom Sandoval. De acordo com ele o vinho é "maravilhoso, cheio de camadas e com madeira soberbamente integrada". E não pára por aí. Com 14,5% de graduação e a potência do Syrah predominando, ele é tão rechochundo quanto a nossa coruja. R$150,00/Mistral. 



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