VINHOS AO PREÇO DE 10 PALHETAS OU R$30,00.
Você faliu. Perdeu tudo na bolsa. Sua banda não vendeu nenhum disco. Tomou um golpe. Ficou, como diz a moça da propaganda de crédito financeiro, negativado. Será que ainda assim, no meio dessa pindaíba, você ainda pode tomar um bom vinho?
Sorria, porque a resposta é sim, você pode. Indie-Wine saiu a campo atrás de 6 excelentes vinhos e espumantes por menos do que míseras 10 palhetas de guitarra da Rua Teodoro Sampaio. Ou seja, 30 Reais (a palheta anda inflacionada por lá, custa 3 Reais cada uma). O vinho no Brasil ainda é estigmatizado como bebida de granfino, o elixir dos fidalgos. O primeiro motivo é cultural. O Brasil é a terra do carnaval, samba, feijoada, futebol e mulher-pêra. Combina muito mais com cerveja do que com Cabernet Savignon. O outro motivo é econômico: devido as taxas de importação e margem de lucro das importadoras, o vinho no Brasil é realmente caro. Na França você compra um Bordeaux por 5 Euros. Aqui não. Aqui com 5 Euros você compra no máximo o litrão de Sangue de Boi. Só um ps: outro dia vi uma turma de góticos entrando no cemitério e tomando um garrafão de Sangue de Boi. É um dos piores programas e/ou harmonizações que o Indie Wine já teve notícia: mortos + sobretudo no verão + Sangue de Boi. Voltando, o vinho no Brasil ainda é caro, mas é inegável que ele vem se democratizando. A cada temporada surgem bons vinhos, de bons produtores a preços razoáveis.
Atrás destes achados que nós fomos. Afinal, quem gosta ou vive de rock alternativo não costuma nadar em dinheiro. Você já viu o avião da turnê do Yo La Tengo? Não. Sabe porquê? Porque eles saem em turnê de kombi.
J.P. Chenet Cabernet/Syrah
Um vinho polêmico. Alguns adoram outros acham simples demais. A real é que ele tem seu charme. Um por ser francês. Ou seja, mesmo na pindaíba você ainda consegue ter um pouquinho do glamour de tomar um vinho francês. Dois porque a garrafa é esquisita, meio amassada. Dizem os produtores que, para manter a tradição, eles conservaram o "defeito" da garrafa medieval. Três porque é um vinho fácil, carismático, simples, leve e gostoso de beber. Não lembra couro, não lembra ameixa madura, não lembra compota de frutas do bosque, não lembra nada. É só um vinho delicioso de se abrir com a namorada na segunda-feira falando abobrinha. Inclusive, com essa abobrinha harmoniza super bem. Custo médio: 8 palhetas + 0,99 centavos = R$24,99. Você encontra em qualquer supermercado.
Nocturno Brut Rosé
La vem eles, os argentinos. Dessa vez com um espumante rosê imperdível. O nome é bem style: Nocturno Rosé. E o sabor é mais style ainda. Aroma de framboesa, morango e frutas vermelhas. Gosto fino e delicado. Eu tenho a sorte de ter uma sogra enóloga e pão-dura, uma boa combinação. E em um dos últimos encontros ela me apresentou o Nocturno. Hoje em dia sempre tem sempre um aqui na adega. 9 palhetas + R$2,00 = R$29,00. GrandCru.
Reguengos Alentejo Tinto DOC
Este vinho português da região de Reguengos é ótimo para quem quer variar dos chilenos e argentinos. Ele é feito a partir de várias uvas diferentes, o que lhe confere um sabor mais peculiar do que os vinhos aqui do Novo Mundo. O corte é de Castelão, Cabernet Sauvignon, Aragonêz, Trincadeira, Moreto, Tinta Caiada e Alicante Bouchet, com um teor alcólico de 13%. Carrega bastante as características do Alentejo: bom corpo, macio, vivo, com um final prolongado. Custo médio: 9 palhetas = R$27,00. Você encontra em qualquer supermercado. Um vinho cheio de terroir português por esse preço é uma piada, que segue abaixo.
PIADA
Maria chegou para o Manuel e disse:
- Manoel, chega. Eu não vou mais engravidar.
- Mas porquê Maria?
- Porque eu não quero ter um filho chinês.
- Mas Maria nós somos portuguêses.
- Ora pois, seu burro. Você nunca ouviu falar que uma em cada 5 crianças
é chinesa?
Alamos Chardonnay 2008/09
Esse vinho é bom sério. E com 30 Reais no bolso você leva. É o chardonay mais básico da família Catena Zapata. E já é o suficiente. Bastante aromático e denso, ele fica 6 meses em barril de carvalho, o que lhe confere um sabor amanteigado e redondo, com um final persistente e teimoso (?). Talvez seja o melhor vinho branco que você possa tomar em tempos de crises financeiras e bolhas econômicas. Custo médio: 10 palhetas = R$30,00. Facinho de encontrar, qualquer supermercado.
Fabre Montmayou Reserva Malbec 2009
Que achado. Um Malbec reserva argentino de Mendoza, produzido pela vinícola Vistalba, que todo mundo pode degustar. Quando o assunto é vinho, temos que dar o braço a torcer para os patetas dos nossos hermanos. O Fabre é redondo, equilibrado, com aromas de frutas vermelhas maduras e reflexos de violeta, baunilha e chocolate. E o preço é tão redondo quanto: 9 palhetas + R$1,88 = R$ 28,88. Expand.
Alta Vista Premium Torrontes 09
Sem dúvida um Best-fkng-buy. Um excelente Torrontes do produtor Alta Vista por um preço acessível. De onde? Eles de novos, os argentinos. Aroma floral, aberto e vivo. Na boca é fresco e feliz, lembrando limão siciliano, abacaxi e frutas tropicais. E no bolso, notas de 20 Reais no máximo. O Alta Vista custa 9 palhetas e meia: R$ 28,60. Casa Santa Luzia.
10 palhetas, R$3,00 cada. O negócio é comprar um vinho e tocar com o dedo. |
Dicas anotadas. Vinhos portugas são sempre uma ótima opção pro fim do mês, quando o cartão de crédito já não dá mais conta. E a quantidade absurda de uvas parece uma constante entre os lusitanos.
ResponderExcluiressa é pra guardar! mto boaaaaaa!
ResponderExcluir