VINHO + ROCK ALTERNATIVO + ETC.

domingo, 26 de junho de 2011

HAPPY-MONDAYS VAI BEM COM HEROÍNA. MAS NA FALTA DE HEROÍNA... VAI UM SYRAH?

       Ninguém se divertiu tanto no meio do rock da década de 80/90 quanto o pessoal do Happy Mondays. Quem viu o filme "24 Hour Party People" pode ter uma idéia de 80 minutos do que foi aquilo - mas os caras viveram esse tal de "aquilo" por 15 anos. E só não continuaram a viver a vida-loka-de-manchester, também conhecida como madchester, porque senão iriam morrer de overdose. Na verdade, ninguém sabe como o pessoal Shaun Ryder, seu irmão baixista Paul Ryder e o dançarino e excelente tocador de maracas Bez ainda respiram. Esses aí tungaram. No Rock'n Rio Shaun disse que traria consigo nada mais do que 1.000 tabletinhos de ecstasy. Voltou atrás e trouxe menos, pois disse que ficou intimidado com o clima das penitenciárias brazúcas. OS caras tomavam é de tudo. Crack, heroína, cocaína, mé e, claaaaaaro, um excelente vinho. Mas qual vinho é tão inspirador e bem humorado, capaz de acompanhar uma banda tão peculiar?

O vinho Happy Mondays precisa ser, acima de tudo, vibrante. Vibrante, alegre , autoral e inusitado. Digamos que feito na raça, por amor a vida-loka-do-vinho, seja lá o que isso queira dizer. E o último vinho assim tão feliz que o indie-wine provou se chama Secreto, de Viu Manent. Um Syrah espetacularmente vibrante, que preenche a boca e nos deixa feliz, feliz, feliz. E não é só porque tem 14.5% de alcool. É porque ele tem aromas de frutas maduras, picante, feliz e expansivo. Na boca é praticamente um sorriso, com figo e chocolate - e nada deixa as pessoas mais felizes do que chocolate.
E para deixar o momento mais feliz ainda, é só dar uma olhadinha no rótulo, do boneco cochichando algo na orelha da boneca (veja os peitinhos). Reza a lenda queele disse: estamos no indie-wine! Cubra os seus peitinhos! Estamos no indie-wine!                                                                         Viu Manent Secreto Syrah / R$64 / cistubebidas.com.br / Dica da Márcia, mãe de uma CEO do Indie-Wine.  
Bez - pensando em qual vinho tomar após o show do Happy Mondays. Ahã, ahã.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

HOJE TEM TWIN SHADOW NO EVENTO DA PUMA. SABE QUE VINHO ELE VAI TOMAR NO CAMARIM?

      
        Hoje tem um show especial na cidade: Twin Shadow, trazido pela PUMA em festa fechada, organizada pelo grande amigo do Indie-Wine, Mr. Lapin, e todo o pessoal da VICE. Twin Shadow é, na verdade, o nome artístico de George Lewis Jr., nascido na República Dominicana e criado na Flórida. O cara lançou seu primeiro albúm e BUM! já estourou. O disco Forget foi produzido pelo Chris Taylor do Grizzly Bear e é, sem dúvida, um marco na música indie-glam-pop-electro-fashion - tanto em termos de textura, quanto em melodias sofisticadas, faro pop aguçado e estilo - estilo físico, inclusive.  
         E qual vinho harmonizar com um cara tão meteórico, intenso e talentoso? Oras. Um vinho que suba na sua cabeça tão rápido quanto nosso amigo George Lewis Jr. subiu na vida. Um vinho poderoso, alcólico, encorpado, quente e sexy, com uma pegada latina e ao mesmo tempo cosmopolita. Um vinho intenso.  O cara é fera e, de acordo com as fontes do Indie-Wine, pediu um bom vinho tinto. Senhoras e senhores, Indie-Wine tem o prazer de apresentar o já consagrado Angélica Zapata, Cabernet Savignon. Quente, potente, encorpado, sexy, ousado, alcólico e cheio de texturas. Com certeza um marco na produção de vinhos da América Latina. É tão sofisticado quanto Twin Shadow, sem ser pretencioso. Praticamente o latin-lover dos vinhos. Se você teve a sorte de ser convidado para o show, pode se aquecer dançando. Do contrário, é só colocar Twin para tocar no som e mamar direto da fonte da Senhora Zapata. Adegasbrasil.com / R$87,00.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

MEGALOMANIAC: O VINHO (E RÓTULO) PERFEITO PARA TOMAR COM JAMES BROWN + BROKEN SOCIAL SCENE.

       Pois é. Parece que quando o assunto é rótulo style os canadenses estão com tudo. Esta aí a vinícola Megalomamiac que não nos deixa mentir. A começar pelo nome "Megalomaniac", a vinícola é completamente diferente de tudo o que você já viu. O dono, Jonh Howrad, tinha o projeto de abrir uma vinícola com seu nome. Uma pequena idéia, uma sementinha no coração de Jonh, mas que para muitas pessoas, incluindo alguns amigos, soou como um sonho megalomaníaco. E foi aí que ele desistiu de dar seu nome a vinícola e a batizou de Megalomaniac. Os rótulos são cheios de estilo, design, leveza e bom gosto, totalmente em linha com o DNA da vinícola. O Riesling, por exemplo, se chama Narcisist, e o Merlot, Bigmouth. Aqui no indie-wine a família inteira entra para o hall of fame dos rótulos.

           Para harmonizar com uma família de vinhos tão únicos e especiais, temos duas sugestões: a primeira é a banda canadense Broken Social Scene. Trata-se de uma banda enorme, cheia de gente (a charmosa Feist já cantou com os caras), com uma pegada leve, sincera, astral, democrática e, principalmente, criativa. Um som perfeito para escutar tomando um Megalomaníac branco.
Broken Social Scene - a cambada.
          A segunda sugestão é, óbvio, um megalomaníaco a altura do rótulo. Mas não um megalomaníaco qualquer. Tem que ser um dos bons, cheio de design, criatividade e personalidade, mas ao mesmo tempo leve e divertido. E quem é ele? James Joseph Brown. Isso mesmo: James Brown. Para se ter idéia do estado mental de James, ele cobrava uma multa pesada aos músicos de sua banda que não aparecem nos ensaios (vjea bem - nos ensaios, não só aos shows) com os sapatos engraxados e brilhantes. E, claro, outra multa para qualquer dançarino que dançasse fora de sincronia. É só abrir o Bigmouth Merlot, colocar James para tocar e apreciar ao mesmo tempo dois megalomaníacos. Feel good? Oh yeah, bitch.
James Brown: o rei.

terça-feira, 10 de maio de 2011

BLASTED CHURCH: OS RÓTULOS MAIS MANEIROS DO CANADÁ.

       Blasted Church é uma vinícola canadense e criativa, cuja os rótulos refletem o lifestyle e a qualidade dos vinhos produzidos por lá. O nome Blasted Church se deve a história de uma velha igreja de madeira dentro da vinícola. Na verdade, a igreja não foi construída lá, mas sim a 16 milhas de distância. E como ela foi parar lá? Em 1929 um bando de engenheiros loucos conseguiu dinamitiar as estruturas da igreja sem destruíla, e aí sim transportá-la até Okanagan Falls. Os rótulos ilustram a história, com uma mistura de massinha, 3-D e ilustração. É o tipo de vinho que você pode guardar por mais de 100 anos. Não porque ele melhora, mas porque dá uma peninha danada de abrir.
E para harmonizar, duas sugestões: TNT, do AC/DC, em homenagem a explosão da igreja e a potência de alguns dos vinhos. E, pelo astral da vinícola, qualquer canção dos suécos do I'm From Barcelona. Assim que conseguir minha garrafa, faço um brinde ao Rodrigo Cotellessa (Snow), que me apresentou a vinícola. 







Blasted Church: e aí? Tem coragem de abrir?

segunda-feira, 9 de maio de 2011

PORRADA NAS PAPILAS: UM VINHO PARA HARMONIZAR COM RAGE AGAINST.

     
       Durante uma reunião de pauta com os redatores do Indie-Wine em nossa sede em São Francisco, uma pergunta subiu a tona: qual a banda mais porrada dos últimos tempos? A resposta foi unânime. Nada de metal, nada de punk, nada de maquiagem, nada de rótulos. A banda mais paulada dos últimos anos é Rage Against the Machine. Textura, groove, riffs de guitarra, pegada e muita, muita, muita raiva contida. Uma raiva focada, canalizada e integrada, que explode a cada música, seja na dinâmica do refrão, seja no olhar psicho e nas letras politizadas de Zack de La Rocha, seja no wah-wah rasgado de Tom Morello - sem dúvida um dos mais criativos guitarristas do século, seja na platéia pulando, suando e cantando junto "fuck you I wont do what you tell me". E como eles conseguem chegar ao nível extremo da porrada?
        Eles acreditam. Acreditam nas letras. Acreditam no que dizem. Acreditam que podem mudar alguma coisa nessa porra toda. No Loollapalooza III, pela primeira vez no palco principal, subiram e não tocaram absolutamente nada. Ficaram ali, plantados, pelados, com um silver tape na boca, por 15 minutos, em protesto contra censura e todo o bla bla bla do Parents Music REsource Center. Se é marketing ou não, simplesmente não importa. Porque o som é coerente com a postura. E porque o som é uma pedrada sem precedentes. Por isso coloque-se na seguinte situação: você e seus amigos zapatistas estão planejando uma revolução tranquilamente escondidos em uma floresta, escutando Rage Against the Machine. Uma revolução não se planeja tomando água, leite ou suco. Mas sim um bom vinho. E qual vinho você escolhe para harmonizar com Rage?

         Um vinho que diz ao mundo a que veio. Nada de equilíbrio e sutileza. Pelo contrário: um vinho cheio de desequilíbrio, que atropela a tudo e a todos, incluindo homens, mulheres, carnes de caça e queijos. Um belo 100% syrah australiano que é literalmente um coice: The Footbolt d'Aremberg 2001. Footbolt era o cavalo de corrida do dono da vinícola, que pode comprar suas terras graças as vitórias do humilde pocotó. Em homenagem, ele fez um vinho cavalar.  Zahil / R$80,00.   

Footbolt - um coice.

The original Molotov Cocktail.
Um pouco mais salgado e ainda mais angustiado e violento, The Dead Arm, do mesmo produtor, é também um vinho porrada. "Dead Arm" é uma doença causada na videira na qual um fungo mata um dos galhos da planta. O que acontece é que, para sobreviver, o outro galho sai feito um louco atrás de nutrientes, carinho e atenção. O resultado são frutos concentrados e saborosos, verdadeiros heróis de guerra, capazes de anestesiar as papílas gustativas de qualquer enólogo. Robert Parker,  que por sinal é grande amigo de Zack de La Rocha e até chegou a montar um projeto com Tom Morello, deu 98 pontos ao Dead Arm 2001. É beber, curtir e escutar Killing in the Name. Inclusive, depenendo da situação, as garrafas também podem ser reutilizadas para um excelente Coquetel Molotov. Zahil / R$ 200,00 +.
Dead Arm - um pelotão de uvas que viraram heróis de guerra
 


quarta-feira, 4 de maio de 2011

VERNACCIA DI SAN GIMIGNANO - A DEBBIE HARRY DOS VINHOS.

        
            Sabe em quem Madona se espelhou no começo de carreira, lá para meados de 1980? Sim, sim, sim. Ela mesma. A primeira e única loira do rock alternativo, a Srta. Deborah Harry. Debbie conheceu Chris Stein a bandao The Stilletos e, um tempo depois, depois fundaram o Angel and The Snakes. E que depois, de tanto nossa vocalista ouvir da platéia e dos caminhoneiros "Heeeeeey, Blondie!" virou, óbvio,  Blondie.
         Debbie era uma loira angelical e sensual no meio de um bando punks no CBGB'S. A banda era tão próxima dos Ramones que quando Marky Ramones saiu da banda o baterista Clem Burton tocou com a banda, sob o pseudônimo de Elvis Ramones. A grade diferença é que Debbie nunca se rendeu a nenhum modismo, estilo ou tendência, durante todos esses anos. No meio dessa revolução punk, aonde ninguém tomava banho, penteava o cabelo e/ou usava desodorantes e sabonetes cheirosos, ela manteve-se loira, feminina, sensual e alternativa. É como jogar a Cinderela no meio do Bronx num sábado as 2 da manhã, durante aqueles filmes do Charles Bronson. Ou a Cinderela tem personalidade, ou dá adeus a sua pureza.
     
         Por isso nosso próximo vinho harmoniza tão bem com Blondie. Porque ele é uma pérola loira no meio de vinhos tintos punks, fortes e mal encarados da sua região. Trata-se do Vernaccia di San Gimignano,  a única denominação de origem da Toscana que produz um vinho branco. Feito nas colinas de San Gimignano, o vinho é um dos brancos mais especiais de toda Itália. Foi, inclusive, o primeiro vinho do país a ganhar o título de Denominazione de Origene Controlatta. E, convenhamos, assim como a Debbie Harry no CBGB'S, um vinho branco e loirinho tem que ter muita personalidade, qualidade e segurança para circular e apavorar os Brunellos, Rossos e Supertoscanos do pedaço.
Colinas de San Gimignano + Debbie = Blondie Wine.
Tudo isso sem falar que os sabores e aromas harmonizam perfeitamente a voz de Debbie. Um vinho sensual, firme, fresco, mas sem perder aquele toque de inocência que dá todo o charme. Pérola aos punks.
                 Nossa sugestão é o Vernaccia do produtor Fontaleoni. Um grande produtor, um grande vinho, por um preço excelente. R$51,00/Mistral.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

QUAL O MELHOR VINHO PARA KINKS? INDIE-WINE QUER JUSTIÇA.

        
           Existem duas bandas que sairiam na porrada caso se encontrassem acidentalmente em um pub de Londres, Liverpool ou Manchester. São elas Blur e Oasis. Inimigas declaradas na década de 90 elas só concordam, também declaradamente, em um assunto: qual a banda mais influente do mundo. Isso mesmo - a melhor banda de todo o nosso pequeno cosmo. Seria ela os Beatlles? Rollings Stones? David Bowie?

Liam and Noel: fights + songs inspired by Kinks. 
           Nada disso. Trata-se do The Kinks. Com certeza uma das bandas mais injustiçadas do planeta. Porquê? Simplesmente porque os irmãos Ray e Dave Davies, líderes do Kinks, que levaram e disseminaram o British Rock pelo mundo. Nada de Paul, Lennon ou George (Ringo não conta, claro). Pois é. Os irmãos Davies, que por sinal também inventaram as brigas entre irmãos muito antes da família Gallagher, criaram clássicos como "You Really Got Me", que em 1964 ecoavam em cada canto do mundo. Entretanto, sabe-se lá porquê, nossos Kinks foram esquecidos pela história. Nada de Gramys, nada de "Kinksmania", nada de ofurôs, champagnes, rosas, groupies e glamour. Esse pacote ficou com Keith, Mick, Paul e Lennon. Certo, certo. E depois de tudo isso você coloca a balada "Strangers" na radiola, lembra da cena em plano sequência do filme "Viagem a Darjeeling" do Wes Anderson e pensa: qual vinho combina com esses Kinks?

           Indie-wine dá a letra. Obviamente você precisa de um vinho tão injustiçado quanto o Kinks. Um vinho ofuscado pelo próprio vizinho. Um vizinho mais famoso, bonitinho e, principalmente, mais marketeiro. Estamos falando do Vino Nobile de Montepulciano. Esse vinho desconhecido e desacreditado pela humanidade. Enquanto seu vizinho de região, o famoso Brunello de Montalcino, colhe os louros, os dólares e os paladares da galáxia, nosso Vino Nobile de Montepulciano fica sempre como segunda opção. Pura injustiça. Os Nobile são vinhos maravilhosos, cheios de personalidade, terroir e verdade (?), tendo a Sangiovese como uva principal. Sem dúvida uma jóia da Toscana. Entretanto 10 em cada 10 pessoas prefere um Brunello mixurúca a um grande Vino Nobile de Montepulciano. Por isso vamos lutar por justiça: dia de Kinks na vitrola é dia de Montepulciano na tacinha. Um dos produtores mais especiais é o Valdipiatta, com um Riserva excelente, mas bem difícil de ser encontrado por aí. Por isso aí vai uma sugestão tão legal quanto e facinho de achar: Vino Nobile de Montepulciano Poliziano 2005. R$120,00/Mistral.
Justiça = Vino Nobile de Montepulciano.
    E caso ainda sobre um pouco de vinho na garrafa, vale beber assistindo a esses 3 minutos e pouco da homenagem ao filme do Wes Anderson com a trilha dos caras. O último gole, para ficar na memória.

terça-feira, 22 de março de 2011

LA CRAU # UM BOM VINHO PARA HARMONIZAR COM ARCADE FIRE.

    
      Nunca uma banda de rock independente chegou tão longe. Em 2005 o Arcade Fire já era capa da Time Magazine, com o título "A banda que colocou a música do Canadá no mapa mundial". Hoje, em 2011, com o Gramy de melhor albúm do ano na prateleira, os caras continuam apavorando. E tudo graças a quem? Sim, sim, sim - o cara do post ali de cima: David Bowie, o camaleão magrinho. No começo de tudo, ainda na época do Funeral, Bowie assistiu a um show do Arcade, gostou e os apresentou para as gravadoras. Simples assim. Daí em diante foi só festa. Abrir para U2, clipes mirabolantes, turnês mundiais, etc. É mole? Uma mistura de sorte, competência, astrologia e indie-rock.
 
          Uma das principais características do Arcade Fire é a quantidade e a variedade de instrumentos que Win Butler, sua mulher Régine Chassagne e aquela penca de gente tocam no palco - de xilofone a pandeirinhos. E tudo isso com uma dinâmica assustadora ao vivo. No próximo reparem num ruivinho água-de-salsicha tocando tambor no palco. Simplesmente violento. Um som gordo, cheio e vibrante. As mesmas características que nosso super vinho deve ter: cheio, gordo, vibrante.
         
                  Por isso nosso escolhido é um Chateneuf-du-Pape. Igualzinho ao Arcade e seus  instrumentos, esse vinho pode ser composto não de uma, duas ou três uvas - mas 13 variedades. O Chateau de Beaucastel, por exemplo, tem Grenache, Mourvédre, Syrah, Cinsault, Muscadin, Counoise, Vaccarése e Terret Noir em sua composição. Mas por ter um preço exorbitante, acessível apenas para o nosso camarada David Bowie, escolhemos um outro Chateneuf, um pouco mais em conta. E vale ressaltar que é literalmente "um pouco", já que por ser uma região pequena, todos os vinhos com essa terminação são caros, raros e especiais. A harmonização perfeita para Arcade, portante, é o Vieux Telegraphe La Crau 2006. Um Chateneuf marcante, gordo e cheio, que consegue ser quente e intenso sem perder a sensibilidade, sem apelar para a agressividade. Igualzinho ao som dos nossos amigos canadenses.
          Vale dizer que a região se chama Chateneuf-du-Pape porque foi a residência do Papa há séculos atrás. E vale dizer que o Arcade Fire simplesmente comprou uma igreja para gravar Neón Bible, devido a sua acústica. Coincidência? Sim, sim. O que nos dá ainda mais certeza desse ser o vinho certo para a banda. R$ 350,00 / Expand.
Papa + Arcade +13 uvas + xilofone + Régine = good.

 

domingo, 20 de março de 2011

UM VINHO PARA TOMAR OUVINDO BOWIE - FASE ZIGGY STARDUST

Bowie aos 4 anos, quando ainda não podia beber vinho e/ou fumar cigarros.
          O que harmonizar com o camaleão? Tarefa difícil essa. Por isso o melhor é dividir nosso genial amigo David Robert Jones em fases, e aí sim achar o melhor vinho para degustar escutando suas canções. A fase Ziggy Stardust foi sem dúvida um marco na história do rock-pop mundial. Não apenas um som, mas uma imagem e uma filosofia pop que influenciou de Beatles a Chemical Brothers. E o visual? Era o primeiro e corajoso menáge entre rock, maquiagem e tintura para cabelos. E qual vinho harmonizar com nosso Starman? No mínimo, o vinho deve ser igual a turnê de Ziggy and Spider from Mars: pop, pop, pop - mas sem deixar de ser único, exclusivo e original. A turnê foi 100% sold out na Europa, Estados Unidos e Japão. E tudo isso em 1972, quando a globalização, a internet e o facebook eram idéias tão lisérgicas quanto uma banda de aranhas vindas do planeta vermelho.

         Por isso nosso vencedor é o mais pop e clássico dos vinhos, mas ao mesmo tempo cheio de terroir e originalidade. Um vinho-hit. Na verdade, mais do que vinho, é uma região: Bordeaux. Você encontra pelo menos uma garrafa de Bordeaux em qualquer menú de qualquer lugar do Cosmo. Se existir vida em outro planeta, eles provavelmente já fizeram duas coisas: 1) ouviram Bowie e gostaram. 2) Tomaram um bordeaux e gostaram. E talvez eles tenham facebok também. (?) É fácil imaginar Ziggy tomando uma taça, fumando seu cigarro fino, com seu cabelo vermelho harmonizando com o rubi do vinho. E é fácil e muito, muito legal abrir um bordeaux expressivo, único e pop como Bowie. Por isso aí vão duas sugestões, uma para cada tipo de bolso.


       Mouton Cadet Reserva 2008 - um dos bordeaux mais acessíveis, fáceis e honestos do mercado. Um clássico da linha de front da região, mas que leva o sobrenome do Baron Philippe de Rothschild. Você encontra por 60 a 80 Reais em várias importadores e até mesmo restaurantes. Seu primo, um pouco mais caro nas cartas, mas na mesma onda, é o Chateau Bel Air, que na Expand sai por R$69,00.
Chateau Malartic Lagraviere 2005 - um vinho não tão conhecido de Bordeaux, mas espetacular. Robert Parker, fã declarado de Bowie e seu amigo pessoal, lhe deu 92 pontos. Sai por salgados (mas nem tanto quanto outros Bordeaux) R$420,00 na Grand Cru.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

UM VINHO OBSCURO PARA HARMONIZAR COM JOY DIVISION.


                Poucas bandas mudaram o rumo do rock alternativo quanto Joy Division. Mérito também do produtor muito-doido Martin Hannett, que gravando a bateria no telhado e acrescentando experimentalismos eletrônicos, desenvolveu texturas e camadas a partir de um som crú e visceral, encabeçado pelo gogó barítono de Ian Curtis. Hits históricos como "Love Will Tear Us Appart" e "She's Lost Control" ainda arrancam gritos, palmas e lágrimas nas pistas de dança. E não é para menos. 
               Ian Curtis não só cantava do fundo da sua alma, como conseguia expressar toda a angústia, depressão, epilepsia e problemas conjugais que sombreavam justamente essa alma. E tudo isso com letras inteligentes e poéticas - sem falar na interpretação e na entrega no palco. Bem que as bandas emo - tanto nacionais ou importadas - podiam ver e ouvir um pouco de Joy Division. E ver que, sim, é possível sofrer, chorar e cantar sem ser um banana maquiado, um amplificador de clichês e melodias previsíveis. Joy Division mudou a história do rock, deixando-o mais melancólico, angustiado, autêntico e sombrio. E enquanto os emos tomam Keep Cooler de pêssego, o que você toma para acompanhar um som tão obscuro assim? 
            A resposta é: Gatinnara. Isso mesmo: um tipo de vinho do Piemonte chamado de Gatinnara, feito 100% com a uva nebiollo. Veja você: o nome Nebiollo deriva justamente de "neblina", já que a uva amadurece tarde, sendo colhida em meio às primeiras neblinas do Outono. Além disso as uvas tem um aspecto mais escuro e acinzentado. Grandes vinhos são produzidos com a Nebbiolo, inclusive os nobres conhecidos Barolo e Barbaresco. E é justamente isso que difere o Gatinnara do resto: ele não é nobre. Apesar de ser um grande vinho, é um vinho de periferia,  menos conhecido, mais obscuro. Perfeito para os nossos amigos do Joy Division. O aroma lembra flores secas, especiarias e alcatrão. E na boca tem um corpo intenso e angustiado, com taninos moderados e um pouquinho depressivos. Não é um vinho comum nem fácil de achar (afinal é um vinho obscuro), mas vale a procura. Depois é só colocar Closer para tocar e degustar acompanhado de Ian Curtis. Um bom Gatinnara é o do produtor Travaglini, que você encontra na World Wine por R$143,00. Por enquanto está fora de estoque, mas em breve devem chegar mais garrafas. 
Nebbiolo, a uva cinza colhida em meio a neblina.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

UM VINHO SEXY PARA TOMAR OUVINDO PRINCE E O REMIX DE PURPLE RAIN. (A MELHOR RELAÇÃO CUSTO/GLAMOUR)

      

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          
        Ninguém, ninguém no mundo do rock-pop se assemelha a Prince. Tanto em termos musicais quanto no quesito estético. Com apenas 1,57 mestros de altura e um corpinho mirrado e magrinho o cara é um gigante. E as botas de salto alto não tem nada a ver com isso. Prince Rogers Nelson é um gênio workaholic assumido que compõe, produz, toca, canta e dança todas as suas músicas. E não são poucas. Purple Rain ficou mais de 24 semanas na parada da Billboard. É mais ou menos assim: um bebê nasce no dia em que Purple Rain alcança o topo das paradas. O bebê completa um, dois, três, quatro meses de vida e Purple Rain ainda está lá. E sabe o que é mais legal? De repente os anos se passam e o bebê tem 20 e poucos anos. E ele sabe cantar não apenas Purple Rain, mas pelo menos mais umas 50 canções de Prince.

        Na questão estética poucos se atrevem a ousar como Prince. Em um show junto com os Rolling Stones em 1981 Prince apareceu no palco de casaco de pele, botas e uma cueca. Veja bem: casaco de pele, botas e cueca. O que aconteceu? Lixo nele. O público americano jogou cerveja, hot-dogs e até pedras no palco. Mas 10 minutos depois, arrependimento geral: até os americanos mais conservadores estavam dançando e aplaudindo, completamente hipnotizados. O groove, o carisma, a coragem e o talento de Prince falaram mais forte. Falaram e deram gritinhos.

        A princípio parece um desafio harmonizar um vinho com Prince. Mas é mais simples do que parece. Branco? Tinto? Nada disso. A bebida deve harmonizar não só com o canto, mas com seu ego. Por isso escolhemos um espumante rosé, que leva no rótulo um nome que diz tudo: ROSÉ GLAMOUR. Sexy, frutado e com um tom rosado forte, nosso Rosé Glamour lembra frutas sensuais como cerejas e amoras. Perfeito para tomar em um ofurô na suíte presidencial do Ritz-Carlton acompanhado de 3 dançarinas. Dizem que Prince é uma das pessoas mais insuportáveis do mundo. Até o bondoso e finado Michael Jackson desistiu de trabalhar com ele. Mas enquanto ele soltar hits como When Dove's Cry, Kiss e Sexy Mother Fucker, tudo bem. E enquanto nós tomarmos um senhor espumante rosé, com o melhor custo/glamour do mercado, tudo ótimo.
Anna Import / R$49,50.

De quebra você ainda pode abrir o Rosé Glamour escutando o remix da banda ALDO de Purple Rain, produzido pelo DJ MURA. Com certeza a suíte presidencial do Ritz Carlton tem som no banheiro.
É só baixar aqui:  http://soundcloud.com/djmura/prince-purple-rain-aldo-mix

Rosé Glamour: a melhor relação custo/glamour.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

MENDEL MALBEC: UM VINHO PARA HARMONIZAR COM DEATH CAB FOR CUTIE.


Uma das grandes vozes atuais do rock alternativo vem,  sem dúvida nenhuma, do gogó de Ben Gibbard, do Death Cab for Cutie. Uma voz que, apesar de delicada e afinada, consegue ser potente e equilibrada. É como diz a equação: FÚRIA + CONTROLE = GÊNIO. Por isso para harmonizar com sua voz e com as melódicas músicas do Death Cab, o Indie-Wine sugere um vinho com as mesmas características:  potente e firme, mas ao mesmo tempo delicado, feminino e melódico. Por isso escolhemos o Mendel Malbec 2008, um malbec argentino frutado, equilibrado e cheio de expressão - e com um custo mais do que bom. Robert Parker, fã declarado de Death Cab e amigo pessoal de Ben Gibbard, deu 91 pontos ao vinho. Uma harmonização perfeita: Mendel + Death Cab. Indie-Wine faz uma corrente positiva para a estrela do post, Ben Gibbard, que recentemente foi picado duas vezes pelo mesmo escorpião, escondido em suas calças durante um show em San Diego. Não é demais? Hein? Não é demais? R$78 / Expan 
Escorpião oportunista: na cueca de Ben Gibbard.  
Mendel Malbec, melódico e potente.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

BIODINÂMICOS: O VINHO HIPPIE PARA HARMONIZAR COM DEVENDRA BANHART.



Apesar de ter nascido na década errada, Devendra Banhart é indiscutivelmente um dos hippies mais bem sucedidos do mundo. Namorou ninguém menos do que Natalie Portman, vendeu milhares de discos e viaja o mundo com um violão na mão e uma erva na cabeça. O cara sabe das coisas. Nasceu no Texas, foi criado na Venezuela e é fã do Brasil, incluindo Caetano, Novos Baianos e Secos e Molhados. O que não falta para Devendra são influências orgânicas, terroir, barba, ervas, sol e natureza. Por isso você não vai escutar o folk psicodélico desse grande artista tomando um combo de vodka com flash-power. Nada disso. A melhor bebida para acompanhar um disco weird-hippie do Devendra é um bom vinho biodinâmico, tomado com calma, curtindo cada gole e cada música. Os vinhos biodinâmicos podem ser considerados os vinhos hippies. A saúde das vinhas é mantida de acordo com os ciclos da Lua, e as uvas são tratadas como organismos vivos. Quase como um cacho de mini-pessoas gordinhas com sabor adocicado(?). Para identificar as pragas, nada de medidas quimicamente drásticas: são plantadas rosas entre as videiras, assim a praga é rapidamente identificada e combatida. A colheita é 100% manual e,  vespas são "treinadas" para proteger as uvas das aranhas. É hippie ou não é? Por isso recomendamos o COLOMÉ AMALAYA MALBEC 2007, um argentino biodinâmico delicioso, frutado, equilibrado e expressivo. E como hippies não harmonizam com dinheiro, o Colomé Amalaya sai por menos de 45 Reais. R$43,50 / Decanter. 
Colomé Amalaya Biodinâmico: o vinho hippie.