VINHO + ROCK ALTERNATIVO + ETC.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

UM VINHO OBSCURO PARA HARMONIZAR COM JOY DIVISION.


                Poucas bandas mudaram o rumo do rock alternativo quanto Joy Division. Mérito também do produtor muito-doido Martin Hannett, que gravando a bateria no telhado e acrescentando experimentalismos eletrônicos, desenvolveu texturas e camadas a partir de um som crú e visceral, encabeçado pelo gogó barítono de Ian Curtis. Hits históricos como "Love Will Tear Us Appart" e "She's Lost Control" ainda arrancam gritos, palmas e lágrimas nas pistas de dança. E não é para menos. 
               Ian Curtis não só cantava do fundo da sua alma, como conseguia expressar toda a angústia, depressão, epilepsia e problemas conjugais que sombreavam justamente essa alma. E tudo isso com letras inteligentes e poéticas - sem falar na interpretação e na entrega no palco. Bem que as bandas emo - tanto nacionais ou importadas - podiam ver e ouvir um pouco de Joy Division. E ver que, sim, é possível sofrer, chorar e cantar sem ser um banana maquiado, um amplificador de clichês e melodias previsíveis. Joy Division mudou a história do rock, deixando-o mais melancólico, angustiado, autêntico e sombrio. E enquanto os emos tomam Keep Cooler de pêssego, o que você toma para acompanhar um som tão obscuro assim? 
            A resposta é: Gatinnara. Isso mesmo: um tipo de vinho do Piemonte chamado de Gatinnara, feito 100% com a uva nebiollo. Veja você: o nome Nebiollo deriva justamente de "neblina", já que a uva amadurece tarde, sendo colhida em meio às primeiras neblinas do Outono. Além disso as uvas tem um aspecto mais escuro e acinzentado. Grandes vinhos são produzidos com a Nebbiolo, inclusive os nobres conhecidos Barolo e Barbaresco. E é justamente isso que difere o Gatinnara do resto: ele não é nobre. Apesar de ser um grande vinho, é um vinho de periferia,  menos conhecido, mais obscuro. Perfeito para os nossos amigos do Joy Division. O aroma lembra flores secas, especiarias e alcatrão. E na boca tem um corpo intenso e angustiado, com taninos moderados e um pouquinho depressivos. Não é um vinho comum nem fácil de achar (afinal é um vinho obscuro), mas vale a procura. Depois é só colocar Closer para tocar e degustar acompanhado de Ian Curtis. Um bom Gatinnara é o do produtor Travaglini, que você encontra na World Wine por R$143,00. Por enquanto está fora de estoque, mas em breve devem chegar mais garrafas. 
Nebbiolo, a uva cinza colhida em meio a neblina.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

UM VINHO SEXY PARA TOMAR OUVINDO PRINCE E O REMIX DE PURPLE RAIN. (A MELHOR RELAÇÃO CUSTO/GLAMOUR)

      

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          
        Ninguém, ninguém no mundo do rock-pop se assemelha a Prince. Tanto em termos musicais quanto no quesito estético. Com apenas 1,57 mestros de altura e um corpinho mirrado e magrinho o cara é um gigante. E as botas de salto alto não tem nada a ver com isso. Prince Rogers Nelson é um gênio workaholic assumido que compõe, produz, toca, canta e dança todas as suas músicas. E não são poucas. Purple Rain ficou mais de 24 semanas na parada da Billboard. É mais ou menos assim: um bebê nasce no dia em que Purple Rain alcança o topo das paradas. O bebê completa um, dois, três, quatro meses de vida e Purple Rain ainda está lá. E sabe o que é mais legal? De repente os anos se passam e o bebê tem 20 e poucos anos. E ele sabe cantar não apenas Purple Rain, mas pelo menos mais umas 50 canções de Prince.

        Na questão estética poucos se atrevem a ousar como Prince. Em um show junto com os Rolling Stones em 1981 Prince apareceu no palco de casaco de pele, botas e uma cueca. Veja bem: casaco de pele, botas e cueca. O que aconteceu? Lixo nele. O público americano jogou cerveja, hot-dogs e até pedras no palco. Mas 10 minutos depois, arrependimento geral: até os americanos mais conservadores estavam dançando e aplaudindo, completamente hipnotizados. O groove, o carisma, a coragem e o talento de Prince falaram mais forte. Falaram e deram gritinhos.

        A princípio parece um desafio harmonizar um vinho com Prince. Mas é mais simples do que parece. Branco? Tinto? Nada disso. A bebida deve harmonizar não só com o canto, mas com seu ego. Por isso escolhemos um espumante rosé, que leva no rótulo um nome que diz tudo: ROSÉ GLAMOUR. Sexy, frutado e com um tom rosado forte, nosso Rosé Glamour lembra frutas sensuais como cerejas e amoras. Perfeito para tomar em um ofurô na suíte presidencial do Ritz-Carlton acompanhado de 3 dançarinas. Dizem que Prince é uma das pessoas mais insuportáveis do mundo. Até o bondoso e finado Michael Jackson desistiu de trabalhar com ele. Mas enquanto ele soltar hits como When Dove's Cry, Kiss e Sexy Mother Fucker, tudo bem. E enquanto nós tomarmos um senhor espumante rosé, com o melhor custo/glamour do mercado, tudo ótimo.
Anna Import / R$49,50.

De quebra você ainda pode abrir o Rosé Glamour escutando o remix da banda ALDO de Purple Rain, produzido pelo DJ MURA. Com certeza a suíte presidencial do Ritz Carlton tem som no banheiro.
É só baixar aqui:  http://soundcloud.com/djmura/prince-purple-rain-aldo-mix

Rosé Glamour: a melhor relação custo/glamour.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

MENDEL MALBEC: UM VINHO PARA HARMONIZAR COM DEATH CAB FOR CUTIE.


Uma das grandes vozes atuais do rock alternativo vem,  sem dúvida nenhuma, do gogó de Ben Gibbard, do Death Cab for Cutie. Uma voz que, apesar de delicada e afinada, consegue ser potente e equilibrada. É como diz a equação: FÚRIA + CONTROLE = GÊNIO. Por isso para harmonizar com sua voz e com as melódicas músicas do Death Cab, o Indie-Wine sugere um vinho com as mesmas características:  potente e firme, mas ao mesmo tempo delicado, feminino e melódico. Por isso escolhemos o Mendel Malbec 2008, um malbec argentino frutado, equilibrado e cheio de expressão - e com um custo mais do que bom. Robert Parker, fã declarado de Death Cab e amigo pessoal de Ben Gibbard, deu 91 pontos ao vinho. Uma harmonização perfeita: Mendel + Death Cab. Indie-Wine faz uma corrente positiva para a estrela do post, Ben Gibbard, que recentemente foi picado duas vezes pelo mesmo escorpião, escondido em suas calças durante um show em San Diego. Não é demais? Hein? Não é demais? R$78 / Expan 
Escorpião oportunista: na cueca de Ben Gibbard.  
Mendel Malbec, melódico e potente.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

BIODINÂMICOS: O VINHO HIPPIE PARA HARMONIZAR COM DEVENDRA BANHART.



Apesar de ter nascido na década errada, Devendra Banhart é indiscutivelmente um dos hippies mais bem sucedidos do mundo. Namorou ninguém menos do que Natalie Portman, vendeu milhares de discos e viaja o mundo com um violão na mão e uma erva na cabeça. O cara sabe das coisas. Nasceu no Texas, foi criado na Venezuela e é fã do Brasil, incluindo Caetano, Novos Baianos e Secos e Molhados. O que não falta para Devendra são influências orgânicas, terroir, barba, ervas, sol e natureza. Por isso você não vai escutar o folk psicodélico desse grande artista tomando um combo de vodka com flash-power. Nada disso. A melhor bebida para acompanhar um disco weird-hippie do Devendra é um bom vinho biodinâmico, tomado com calma, curtindo cada gole e cada música. Os vinhos biodinâmicos podem ser considerados os vinhos hippies. A saúde das vinhas é mantida de acordo com os ciclos da Lua, e as uvas são tratadas como organismos vivos. Quase como um cacho de mini-pessoas gordinhas com sabor adocicado(?). Para identificar as pragas, nada de medidas quimicamente drásticas: são plantadas rosas entre as videiras, assim a praga é rapidamente identificada e combatida. A colheita é 100% manual e,  vespas são "treinadas" para proteger as uvas das aranhas. É hippie ou não é? Por isso recomendamos o COLOMÉ AMALAYA MALBEC 2007, um argentino biodinâmico delicioso, frutado, equilibrado e expressivo. E como hippies não harmonizam com dinheiro, o Colomé Amalaya sai por menos de 45 Reais. R$43,50 / Decanter. 
Colomé Amalaya Biodinâmico: o vinho hippie.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

SANTA CRISTINA/ZENATO: UM BOM VINHO PARA HARMONIZAR COM PHOENIX.

 
          Ah, os doces e simpáticos rapazes do Phoenix. Olha lá. Não são excelentes partidos? Se em uma terça-feira a noite sua filha chegasse no meio do jantar e dissesse: "Papai, mamãe. Vou casar um Phoenix. Ele me propôs." Você respiraria aliviado. Com certeza você respiraria aliviado. Talvez sejam os únicos rockstars do planeta para quem você entregaria a pureza da sua filha. Isso que é credibilidade. O que ninguém desconfia é que tudo isso faz parte de um plano. Um plano diabólico e maquiavélico. Algo que eles tramam desde o primeiro disco. Dominar o mundo. Sim, dominar cada cidade de cada país de cada continente. Crianças, mulheres, idosos, não importa. Eles querem a todos. E, sim, eles o vem fazendo com maestria. "Sorriam, rapazes. Toquem e sorriem. Isso... continuem sorrindo, estamos dominando o mundo. Isso... Não, Laurent! Guarde essa arma! Ainda não, ainda não. "(?).
          Pois o Windie-Wine estava experimentando o Santa Cristina do produtor Zenato e lembrou exatamente dos nossos camaradas franceses. O vinho tem um corpo muito parecido com as músicas da banda: não é agressivo nem distorcido, mas também não é delicado nem insosso. Pelo contrário. É cheio de personalidade. Consegue ter pegada, afinal é um cabernet (e afinal os caras são excelentes músicos), e ainda consegue ser leve, harmonioso e equilibrado. Uma combinação perfeita e imprevisível. O pessoal do Phoenix ganha caixas e mais caixas de vinhos de graça, todos cortesia da vinícola do sogro Francis Ford Copolla. Nós ainda não. Ainda(?). Por isso o jeito é juntar uma grana, comprar uma garrafa do Santa Cristina Zenato, dar play no som e curtir. Que tal?
R$78,00 / Expand.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

THUMBS, UP! MOLLYDOOKER VELVET GLOVE.

Esse é um dos rótulos mais bonitos e originais que o Indie Wine já teve notícia. Dalek, nosso enólogo azul foi aos cafundós da Austrália e descobriu o Mollydooker Velvet Glove Shiraz. O rótulo é simplesmente o máximo: uma luva negra e chique, cheia de adereços, envolvendo a garrafa. Simples, elegante, original e orgânico. Sem falar no acabamento, com a textura das linhas e costuras. O vinho também leva thumbs up: um syrah expressivo, potente, carnudo e frutado. Os tais especialistas dizem que você pode guardar até 2019. Outros especialistas dizem que o mundo vai acabar em 2012. Se eu fosse você, passafa fogo pela Internet e abria logo o seu Velvet Glove essa semana. E quando visitar o site, também dê uma olhada nos outros rótulos do mollydooker. Um mais style que o outro.
Thumbs fucking up, Dalek! U$185 / mollydookerwines.com

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

DOIS BRANCOS PARA HARMONIZAR COM LCD SOUNDSYSTEM.


             
               É inegável que o número de shows legais em São Paulo vem crescendo. Esse mês por exemplo teremos LCD Soundsystem, umas das bandas mais originais dessa década. Sem falar na DFA, selo dance-punk do vocalista James Murphy. Um show imperdível – ainda mais depois da banda anunciar publicamente que essa será sua última turnê. 
               E nesse calor de São Paulo, nada melhor do que um vinho branco geladinho para animar o esquenta pré-show. Por isso aí vão duas sugestões de brancos para harmonizar com a gang de James Murphy. Daft Punk is playing in your house? Offer them a glass wine. They are important robots, and robots loves a good wine. 

 DANZANTE IGT 2008 BRANCO

         Para acompanhar LCD um vinho tem que ter groove, swing e pegada. Ou seja, um vinho moderno, versátil e sem muito fru-fru. (?) Por isso escolhemos um vinho que só pelo nome já vale a harmonização: DANZANTE IGT BRANCO 2008. Com uma graduação de 12,5%,  é um Pinot Grigio frutado gostoso, que você pode bebericar e dançar LCD a vontade.  Os redatores do Indie Wine pensaram em escrever “danzar” a vontade. Mas obviamente o editor-chefe bombou. (R$65,00 / Grand Cru)   
 

 DR. LOOSEN - URZIGER KABINET RIESLING 2007

 
            O próximo vinho é perfeito para acompanhar aperitivos, entradas, patês e mais o que você quiser servir antes do show do LCD. Além de ter uma graduação alcólica um pouco mais leve, apenas 7,5% , ele é redondo, saboroso e seu produtor tem um nome style: DR. LOOSEN – URZIGER KABINET RIESLING 2007. Nosso Dr. Loosen levou nada mais nada menos do que 91 pontos de Robert Parker, outro grande fã de LCD e amigo pessoal de James Murphy. É só abrir, experimentar e curtir. (R$57,40 / Expand) 

domingo, 6 de fevereiro de 2011

PACO & LOLA - THUMBS UP, DALEK!


 





Dalek, nosso grande amigo e enólogo azul, trouxe mais um rótulo cheio de design para estrelar aqui no Indie Wine. O achado da vez chama-se Paco & Lola, um espetacular albariño espanhol. O rótulo preto com as simétricas bolas brancas é fino, elegante e moderno.  Chega a dar vontade de lamber e/ou vestir. O que obviamente não é uma boa idéia. Uma ótima idéia seria encher um balde de gelo, colocar seu Paco & Lola para resfriar e abrí-lo em uma noite quente de verão. Aí sim. Com 13% de alcool e super aromático, ele consegue ser delicado sem ser fraco. Lembra lichia, mel e frutas maduras. Sem dúvida um dos vinhos mais carismáticos que o Indie Wine já provou. E um dos rótulos mais style que nosso bom Dalek já registrou. Thumbs up, Dalek!
(+ - R$85,00 / almeria.com.br)
Dalek, o enólogo azul e indie, levanta seu polegar após degustar Paco & Lola.