VINHO + ROCK ALTERNATIVO + ETC.

domingo, 30 de janeiro de 2011

2 VINHOS PARA TOMAR OUVINDO SMITHS.


1982, Inglaterra. No subúrbio de Manchester, surgia uma das bandas de rock alternativo mais influentes do cenário musical independente britânico dos anos 80, o Smiths. A química entre Morrissey e o guitarrista Johnny Marr resultaram em hinos como Big Mouth Strikes Again, Panic, This Charming Man e The Boy With the Thorn in His Side. De acordo com Morrissey, a filosofia da banda era "back to the basics": músicas matadoras e simples, um nome de banda simples e roupas e maquiagens simples. (?) Eu sei lá, ele que disse. Mas a real é que de nada adiantaria essa filosofia ou qualquer outro bla bla bla se o Smiths não tivesse algo que nenhuma banda de rock jamais teve, tem ou terá - a voz do Morrissey. O cara não só tinha algo a dizer, como o fazia com uma das vozes mais inconfundíveis, doces e originais da história do rock. E você vai ouvir essa voz tão valiosa, melancólia e sincera tomando o quê? Uma saquerinha de Kiwi? Uma caipifrutas? Uma cervejinha? É claro que não. Smiths é um som para curtir tomando um bom vinho, com calma e com os amigos, prestando atenção na interpretação do Morrissey e nos arranjos e nas guitarras de Johnny Marr e em como era maneira a década de 80. Por isso o Indie Wine fez duas sugestões de vinhos para você tomar escutando Smiths, um tinto e um branco. A base da harmonização é obviamente a voz do Morrissey: suave, doce, melancólica, afinada e profunda. E, claro, sua personalidade: além de celibatário (?), ele também era vegetariano radical. Deu o nome de Meat is Murder para o segundo albúm. E ainda proibiu os outros integrantes da banda de comerem carne em público. Só em casa, longe dos repórteres, lendo o Indie Wine. (?)

COBOS FELINO MERLOT 09

A voz do Morrissey lembra muito a uva merlot: macia, suave e aveludada. Nos vinhos de corte, ela é a responsável por arredondar e dar mais elegância e harmonia aos vinhos. Por isso não podíamos deixar de sugerir um vinho feito 100% com merlot, tão aveludado e agradável quanto o gogó do Morrisey, e ainda carregando a filosofia "back to the basics" do Smiths: Cobos Felino Merlot 2009. Um vinho que consegue ser simples e sincero, mas ao mesmo tempo profundo e interessante. Os taninos são seguros e potentes e o aroma remete a frutas mais tristes, melancólicas e maduras (?). Digamos que são frutas mais intelectualizadas que escutam Smiths. Não são morangos silvestres. R$70 / Grandcru.








RIO BIO GRAN RESERVA CHARDONNAY 08

Se você quiser magoar e machucar o Morrissey, faça o seguinte: organize uma festa surpresa, vende seus olhos e o leve em uma churrascaria rodízio. Quando a venda for retirada e todos gritarem surpresa, lá estará um dos vegetarianos mais radicais do mundo olhando para 19 garçons de bombacha oferecendo picanha, chuleta, maminha, coração de galinha, linguiça toscana e o tradicional carrinho de cupim. Por isso o próximo vinho, além de combinar com a voz do Morrisey, também é perfeito para harmonizarmos com pratos vegetarianos, como penne com abobrinhas, manjericão e limão siciliano. Indie Wine traz até você Rio Bio Gran Reserva Chardonnay 2008. É o único branco capaz de harmonizar com Smiths. Isso porque ele é tão amanteigado quanto as músicas, com bom corpo, profundo e cremoso, notas florais e frutas frescas. R$50 / Expand.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

QUAL VINHO COMBINA COM O PÔSTER DA SUA BANDA PREFERIDA?

INDIE WINE TRAZ CINCO SUGESTÕES DE HARMONIZAÇÃO DE VINHOS COM PÔSTERS DE ROCK. 




           Não importa o tamanho do show, sempre haverá um pôster anunciando a data, hora e local da gig. E isso não vale só para o rock. Na década de 60 os pôsters de jazz ditaram a direção de arte da época, influenciando um bando de artistas e designers que vieram a seguir. A questão é que no rock o pôster é um pouco mais democrático. Um porque existem muito mais bandas de rock do que bandas jazz - ainda bem. Dois porque o rock, mais do que qualquer outro estilo musical, sempre teve uma ligação direta com a imagem. Rock tem a ver com atitude, não só notas musicais. E atitude é, além do som, a foto, o vídeo e o pôster de quem faz o som. 
          No mundo do rock toda banda ou artista sempre desenvolve uma linguagem visual. Não é de hoje que as grandes bandas usam e abusam de maquiavélicas e diabólicas estratégias de marketing. O empresário do Kiss, por exemplo, viu um show do Secos e Molhados no México e roubou a idéia da maquiagem, acrescentando botas de plataforma, machados e um pouco de sangue jorrando da boca do baixista Genne Simons. Não deu outra. Em pouco tempo a molecada toda queria ser o Kiss. A estratégia era tão poderosa que eu, aqui no Brasil, depois de ver um, apenas um vídeo clipe do Kiss, catei meu irmão menor no parquinho, pintei uma estrela no seu olho, pintei um raio no meu e montamos uma banda imaginária com o original nome de Kiss Brothers. Teve show para as avós e tudo. Infelizmente a apresentação era baseada 100% em playback, pois não sabíamos arranhar nenhum instrumento ainda. Ah, se fosse hoje... Mas enfim, voltando aos pôsters, quem não pode contratar o empresário do Kiss, acaba dando um jeito. As bandas de garagem, por exemplo, sempre têm algum amigo designer. E já é o suficiente. Com atitude e criatividade surgem pôsters extremamente originais, coloridos e estilosos. Cada um com uma peculiaridade, cada um com a sua viagem. Mais ou menos como no mundo dos vinhos.
              Por isso aí vão 5 sugestões de harmonização de pôsters de rock com vinhos. Seja pelas cores, seja pelo conteúdo ou pelo traço, cada pôster combina com um certo vinho. Inclusive muitos desse pôsters, ficariam lindos como rótulos alternativos. 

Beck  x  Torrontes Colomé





Se esse pôster representasse alguma música do Beck, com certeza seria Debra. Uma música que lembra mais Curtis Mainfield do que o próprio Beck. É lenta, intensa, nostálgica e cafajeste. Na letra um rapaz confessa que a namorada não basta. Ele também quer dormir com Debra, ninguém menos do que a irmã da namorada. Com certeza o atormentado cidadão teve essa idéia sozinho, olhando uma paisagem igualzinha a do pôster. Apreciou o céu laranja, viu o rasante das gaivotas, deu um gole no vinho, lembrou que estava vivo e pensou: "Eu quero a irmã. E eu quero junto." A questão é: que vinho será que ele estava degustando durante o  inspirador insight?  Indie Wine foi atrás e descobriu. O vinho em questão é o Colomé Torrontes 2008. Um vinho feito 100% com a uva Torrontes, com um sabor inconfundível, denso e aromático, lembrando flores e frutas tropicais. Um vinho tão sedutor quanto a música do Beck, perfeito para acompanhar céu laranja + praia + frutos do mar. Se estiver na praia, peça uma mesa de frente para o mar. E uma mesa para três: você, Jenny e a irmã Debra. Quem sabe a noite se estende. R$41/Decanter.



Vampire Weekend x  Clos Apalta














                   O inebriante (?) pôster do Vampire Weekend é simplesmente inebriante (?). Parece mais um rótulo de vinho e/ou absinto do que um pôster de rock. E talvez por isso seja um lindo pôster de rock. Porque é completamente fora da caixa, longe do óbvio. Suas cores mais fechadas e seu traço arredondado pedem um tinto com características parecidas. Foi por isso que trouxemos o Clos Apalta. Um vinho feito no Vale do Colchágua no Chile pela Casa Lapostole, com uma mistura de merlot, carmenére e cabernet sauvignon. Um vinho mais sério e aveludado, que lembra frutas maduras e cereja, com sabores agradáveis e contidos apesar de uma impressionante concentração de 14,5%. No estilo do pôster e do próprio Vampire Weekend, consegue ter pegada, classe e peso sem ligar sequer um pedal de distorção. O preço varia de 75 a 400 Reais, dependendo da safra. Um Clos Apalta 2006, por exemplo, é bem mais caro que o 2007. O problema é que está esgotado, tanto na loja quanto no site da importadora Mistral. Mas vale perguntar quando chega um novo carregamento.


She Wants Revange x Brunello Biondi Santi*






         Uma garota é capaz de tudo por  vingança. O pôster do She Wants Revange ilustra justamente isso. O sonho de muitas garotas que acordam com uma sede maluca e incontrolável de se vingar do ex-namorado, marido, amante ou ficante. Na obra, por exemplo, vemos uma feliz e inocente moça prestes a degustar a cabeça do ex-namorado, espetada a um garfo. Não vamos entrar no mérito do que o cara aprontou para merecer ter a cabeça espetada no garfo. Vamos entrar em um mérito ainda melhor: qual o melhor vinho para degustar junto com a cabeça dele? Qual a uva harmoniza bem com a cabeça de um pobre homem? Um Pinot Noir? Talvez seja muito leve. Um Syrah? Muito impessoal. A situação é histórica. A grande vingança se concretizou. O jantar pede um grande vinho, talvez o melhor da adega. Talvez o melhor de todas as adegas. Por isso o eleito é o italiano dos italianos, a lenda que deu origem a série: Tenutta Greppo Brunello de Montalcino Riserva 1971 Biondi Santi. O vinho faz parte da história da vinicultura italiana. Biondi Santi é ninguém menos do que o cara que tornou Brunello uma Denominação de Origem Controlada, tão ou mais importante do que Amarone e Barolo. O vinho precisa de anos e anos para se revelar. Mas quando se abre, supera todas as expectativas. Corpo, aromas, frutas, personalidade, classe. Vale cada centavo. Quando se trata de cabeça de ex-namorado, harmoniza perfeitamente com o miolo mole, olhos, orelha e a língua. Língua que o coitado tanto usou para seduzir e mentir para a triunfante vingada.

*ps:
o Windie Wine tem o pé no chão e sabe que, pelo preço, o Biondi Santi não é para o bico do próprio Windie Wine e para 99.9% dos tomadores de vinho. Custa mais do que 1.00 Reais. Talvez seja para o bico do Keith Richards, Bowie ou Michael Jackson (in memorium). Por isso vai a sugestão do irmão mais novo do Brunello de Montalcino, tão especial quanto, delicioso e bem mais acessível e de um grande produtor italiano, perfeito para comer com o fígado de traidores: Frescobaldi Rosso de Montalcino Campo Ai Sassi 07. (R$130/Grandcru)


Arctic Monkeys x Ice Wine














          






         Esse é um dos pôsters mais legais da coleção particular do Windie Wine. É literalmente o macaco do ártico, de gravatinha borboleta, tomando o seu sorvete no meio da neve. E a pergunta que não quer calar é: qual o vinho mais legal para harmonizar com o nosso macaco? Ainda mais: qual o vinho perfeito para se harmonizar com o sorvete do macaco? Pelo clima gelado e pela sobremesa peculiar do pequeno símio, só pode ser um tipo de vinho. Um vinho alternativo e ainda raro no Brasil, o Ice Wine. Isso mesmo. Ice Wine, o vinho de gelo. O Ice Wine, ou Eiswien, é um vinho feito em países de extremo frio, como Áustria, Alemãnha e Canadá, aonde as uvas são colhidas no inverno, quando estão congeladas, a menos de 3 graus negativos. Dessa maneira ela concentra ainda mais sabores e aromas do seu terroir. O resultado é um vinho denso, original, com compotas de frutas brancas, algumas características cítricas e mel. Perfeito para acompanhar doces, bolos, tortas e até o sorvetinho do macaco. Por ser difícil de encontrar e fazer, o preço do Ice Wine ainda é um pouco salgado. O canadense Cave Spring, 100% Riesling, sai por R$297,00 na Winestore.com. O Brasil também resolveu entrar na empreitada do Ice Wine e o produtor Pericó lançou o primeiro Ice Wine brasileiro, em Santa Catarina. Boa dica para o macaquinho, quando ele vier passar férias de verão aqui pelo Brasil. 

Built to Spill x Finca Sandoval















           O Built to Spill é um trio independente de Idaho, nos Estados Unidos, que teve a sorte e talento de assinar com a Warner e ainda continuar sendo indie. É sem dúvida uma das bandas indie mais reconhecida da América do Norte. A música Carry the Zero é tão cativante e selvagem quanto a coruja do pôster. Esse foi um dos pontos de partida da harmonização: cativante e selvagem. O outro ponto foi o fato da coruja estar um pouquinho acima do peso. Portanto, somando tudo, precisamos de um vinho com as seguintes características: cativante, selvagem, carismático e gordinho (?). Será que esse vinho existe? Mas é claro que sim. Ele é o Finca Sandoval 2006. Uma mistura de Syrah (76%), Mouvedre (13%) e Bobal (11%). Só o rótulo com o passarinho já vale o vinho. Sem falar que harmoniza estéticamente com a nossa coruja. Robert Parker concorda com tudo, já que deu 94 pontos ao bom Sandoval. De acordo com ele o vinho é "maravilhoso, cheio de camadas e com madeira soberbamente integrada". E não pára por aí. Com 14,5% de graduação e a potência do Syrah predominando, ele é tão rechochundo quanto a nossa coruja. R$150,00/Mistral. 



quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

THUMBS UP, DALEK: DOMAINE DES PERDRIX + BON IVER!


         
        Dalek, nosso enólogo azul e indie, aprovou mais um rótulo maneiro. Dessa vez o thumbs-up! do Dalek vai para o Domaine des Perdrix 2000, um vinho da Borgonha produzido em Nuits-st-Georges. 
        
         O rótulo é minimalista, com uma tipologia clássica e delicada, compondo em perfeito equilíbrio com a silhueta dourada de um perdiz determinado (?). Não é sempre que encontramos vinhos franceses com rótulos originais assim, ainda mais vinhos de uma região tão tradicional quando a Borgonha. Esse não tem importador. Foi comprado no freeshop de Paris, escolhido 120% por causa do rótulo. Nem eu, nem o Dalek, nem ninguém, nunca tinhamos ouvido falar do Domaine des Perdrix. E valeu cada centavo da aposta de 40 e poucos Euros feita no freeshop. 


         Foi o melhor vinho de 2011 até agora. Os produtores são tão bons quanto designer. E tão determinados quanto o perdiz (?). Thumbs up, Dalek!


Domaine des Perdrix + Poodle
Thumbs up, Dalek! Inclusive para o poodle.
 E se fossemos harmonizar com algum som, seria a música Stacks do Bon Iver. Cheia de terroir, afinal o cara se trancou 3 meses numa cabana para gravar, redonda, sincera, simples e delicada, perfeita para acompanhar nosso super Perdiz.

  

domingo, 16 de janeiro de 2011

EU FALI. POSSO CONTINUAR A TOMAR VINHO?


VINHOS AO PREÇO DE 10 PALHETAS OU R$30,00.




       Você faliu. Perdeu tudo na bolsa. Sua banda não vendeu nenhum disco. Tomou um golpe. Ficou, como diz a moça da propaganda de crédito financeiro, negativado. Será que ainda assim, no meio dessa pindaíba, você ainda pode tomar um bom vinho? 
         Sorria, porque a resposta é sim, você pode. Indie-Wine saiu a campo atrás de 6 excelentes vinhos e espumantes por menos do que míseras 10 palhetas de guitarra da Rua Teodoro Sampaio. Ou seja, 30 Reais (a palheta anda inflacionada por lá, custa 3 Reais cada uma). O vinho no Brasil ainda é estigmatizado como bebida de granfino, o elixir dos fidalgos. O primeiro motivo é cultural. O Brasil é a terra do carnaval, samba, feijoada, futebol e mulher-pêra. Combina muito mais com cerveja do que com Cabernet Savignon. O outro motivo é econômico: devido as taxas de importação e margem de lucro das importadoras, o vinho no Brasil é realmente caro. Na França você compra um Bordeaux por 5 Euros. Aqui não. Aqui com 5 Euros você compra no máximo o litrão de Sangue de Boi. Só um ps: outro dia vi uma turma de góticos entrando no cemitério e tomando um garrafão de Sangue de Boi. É um dos piores programas e/ou harmonizações que o Indie Wine já teve notícia: mortos + sobretudo no verão + Sangue de Boi. Voltando, o vinho no Brasil ainda é caro, mas é inegável que ele vem se democratizando. A cada temporada surgem bons vinhos, de bons produtores a preços razoáveis. 
           Atrás destes achados que nós fomos. Afinal, quem gosta ou vive de rock alternativo não costuma nadar em dinheiro. Você já viu o avião da turnê do Yo La Tengo? Não. Sabe porquê? Porque eles saem em turnê de kombi.

  
J.P. Chenet Cabernet/Syrah


Um vinho polêmico. Alguns adoram outros acham simples demais. A real é que ele tem seu charme. Um por ser francês. Ou seja, mesmo na pindaíba você ainda consegue ter um pouquinho do glamour de tomar um vinho francês. Dois porque a garrafa é esquisita, meio amassada. Dizem os produtores que, para manter a tradição, eles conservaram o "defeito" da garrafa medieval. Três porque é um vinho fácil, carismático, simples, leve e gostoso de beber. Não lembra couro, não lembra ameixa madura, não lembra compota de frutas do bosque, não lembra nada. É só um vinho delicioso de se abrir com a namorada na segunda-feira falando abobrinha. Inclusive, com essa abobrinha harmoniza super bem. Custo médio: 8 palhetas + 0,99 centavos = R$24,99. Você encontra em qualquer supermercado.
 

Nocturno Brut Rosé 
 
La vem eles, os argentinos. Dessa vez com um espumante rosê imperdível. O nome é bem style: Nocturno Rosé. E o sabor é mais style ainda. Aroma de framboesa, morango e frutas vermelhas. Gosto fino e delicado. Eu tenho a sorte de ter uma sogra enóloga e pão-dura, uma boa combinação. E em um dos últimos encontros ela me apresentou o Nocturno. Hoje em dia sempre tem sempre um aqui na adega. 9 palhetas + R$2,00 = R$29,00. GrandCru.





Reguengos Alentejo Tinto DOC  
 
Este vinho português da região de Reguengos é ótimo para quem quer variar dos chilenos e argentinos. Ele é feito a partir de várias uvas diferentes, o que lhe  confere um sabor mais peculiar do que os vinhos aqui do Novo Mundo. O corte é de Castelão, Cabernet Sauvignon, Aragonêz, Trincadeira, Moreto, Tinta Caiada e Alicante Bouchet, com um teor alcólico de 13%. Carrega bastante as características do Alentejo: bom corpo, macio, vivo, com um final prolongado. Custo médio: 9 palhetas = R$27,00. Você encontra em qualquer supermercado. Um vinho cheio de terroir português por esse preço é uma piada, que segue abaixo.

PIADA 

                                                Maria chegou para o Manuel e disse:
                                                - Manoel, chega. Eu não vou mais engravidar. 
                                                - Mas porquê Maria?
                                                - Porque eu não quero ter um filho chinês.
                                                - Mas Maria nós somos portuguêses.
                                                - Ora pois, seu burro. Você nunca ouviu falar que uma em cada 5 crianças  
                                                  é chinesa?

Alamos Chardonnay 2008/09 

Esse vinho é bom sério. E com 30 Reais no bolso você leva. É o chardonay mais básico da família Catena Zapata. E já é o suficiente. Bastante aromático e denso, ele fica 6 meses em barril de carvalho, o que lhe confere um sabor amanteigado e redondo, com um final persistente e teimoso (?). Talvez seja o melhor vinho branco que você possa tomar em tempos de crises financeiras e bolhas econômicas. Custo médio: 10 palhetas = R$30,00. Facinho de encontrar, qualquer supermercado. 

 

Fabre Montmayou Reserva Malbec 2009   
 
Que achado. Um Malbec reserva argentino de Mendoza, produzido pela vinícola Vistalba, que todo mundo pode degustar. Quando o assunto é vinho, temos que dar o braço a torcer para os patetas dos nossos hermanos. O Fabre é redondo, equilibrado, com aromas de frutas vermelhas maduras e reflexos de violeta, baunilha e chocolate. E o preço é tão redondo quanto: 9 palhetas + R$1,88 = R$ 28,88. Expand. 





Alta Vista Premium Torrontes 09  
    
Sem dúvida um Best-fkng-buy. Um excelente Torrontes do produtor Alta Vista por um preço acessível. De onde? Eles de novos, os argentinos. Aroma floral, aberto e vivo. Na boca é fresco e feliz, lembrando limão siciliano, abacaxi e frutas tropicais. E no bolso, notas de 20 Reais no máximo. O Alta Vista custa 9 palhetas e meia: R$ 28,60. Casa Santa Luzia.  


10 palhetas, R$3,00 cada. O negócio é comprar um vinho e tocar com o dedo.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

MERLOT COM DISTORÇÃO VALVULADA

  Depois do filme Sideways, aonde o carismático Paul Giamatti descasca e humilha a uva merlot, a venda dos vinhos com a injustiçada casta caiu no mundo inteiro. Mas era só um truque de roteiro (bom, bom roteiro) para dar ainda mais personalidade ao personagem. Apesar de realmente alguns merlot por aí serem bobões, outros são tão potentes e redondos que merecem uma harmonização com uma porrada sonora a altura. No caso do vinho, estamos nos referindo ao Planeta Merlot 2005, feito na Sicília com 14.8% de graduação alcóolica. É potente, redondo e intenso, um dos maiores vinhos do produtor Planeta (e preço também). E justamente por isso não pode ser tomado com uma musiquinha qualquer. Tem que ter pegada. Por isso, depois de muita pesquisa, a banda que o acompanha com perfeição é SEBADOH, uma banda independente de Massachusetts precursores - não por estilo, mas por só terem grana para comprar uma mesa de
4 canais - das gravações low-fi. A música "Brand New Love" carrega as mesmas características do vinho: potente, intensa, simples e persistente, com uma melodia bonita e pra lá de sincera. Os erros da guitarra, a distorção totlmente exagerada e o vocal semi-desafinado só ajudam a mostrar que a música foi feita por gente de verdade, como algo a dizer, não importa como. Algo raro num mundo aonde tudo é cada vez mais perfeito, asséptico e funcional. (costibebidas.com.br / R$ 164,00)

ps: o cover do esquisitão australiano Ben Lee garimpado no blog Cilada Mental (ciladamenta.com) é um pouco mais manso. Por isso pede outro vinho, mais equilibrado e leve. Mas independente da birita, a versão Ben Lee é tão ou mais bonita do que a original.


 SEBADOH / BRAND NEW LOVE



BEN LEE / BRAND NEW LOVE



PAUL GIAMATTI

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

TRÊS ITALIANOS PARA TOMAR NO FIM DA NOVELA.

  Totó nos vinhedos da família Antinori na Toscana, aonde é feito o Santa Cristina.


Todo homem que se preze, seja ele um rockstar ou não, uma hora tem que fazer a média com a patroa. Por isso fizemos uma seleção de três vinhos italianos para você degustar ao lado da sua namorada, noiva, mulher ou ficante no final da novela. Você não só vai ganhar milhares de pontos com ela, como ainda vai acompanhar o fim dessa emocionante história com uma bebida à altura.





SANTA CRISTINA / ANTINORI. Esse vinho do produtor Antinori, um dos mais antigos da Itália com mais de 600 anos, você encontra no Pão de Açúcar. Na verdade, é um dos melhores custo/benefício do Brasil. Produzido na Toscana com a uva sangiovese, o Santa Cristina é leve, frutado e fácil de beber. Sai por menos de 60 Reais no Pão de Açúcar. 





BADIOLA / MAZZEI. O Badiola é um vinho produzido pela família Mazzei na Toscana. Feito a partir das uvas sangiovese e merlot, ele é equilibrado, fino e macio, com aroma frutado e agradável. Perfeito para acompanhar massas, risotos e finais de novela. 69 Reais. Expand.




 



 SOLOSOLE 09 / POGGIO AL TESORO. O Solose 09 é um branco feito 100% com a uva Vermentino. É um pouco mais salgado que os anteriores (85 Reais), mas para os fãs mais assíduos do Totó, Diogo, Clara e Beth Bandida vale cada centavo. De aromas florais , notas cítricas e um bom corpo, é um vinho fácil de agradar. Robert Parker por exemplo, o maior degustador de vinhos do mundo e publicamente fã de carteirinha de Tony Ramos, deu 90 pontos para ele. GrandCru. 













 

domingo, 9 de janeiro de 2011

Dalek recomenda: Clos de L'Oratoire des Papes.

                                Thumbs up, Dalek!


Dalek é um enólogo independente e azul que curte não apenas vinhos, mas também os rótulos dos vinhos. Se o vinho for bom e o rótulo for style, thumbs up: Dalek recomenda. É o caso do Clos de L'Oratorie des Papes, um Chateaunef-du-Pape branco delicioso, com um rótulo roxo e verde bem original. Não tem importador, esse veio direto da França na mala de um brother do Dalek.


 
 

sábado, 8 de janeiro de 2011

O MELHOR VINHO PARA A SUA JAQUETA DE COURO.

Pode parecer viagem - e talvez seja - mas alguns vinhos tintos tem aroma de couro. Isso mesmo. Você cheira o vinho e lembra rapidinho da sua jaqueta. Dizem os entendedores que são vinhos mais evoluídos e estruturados, que passaram um bom tempo em barricas de carvalho. Dito isso, criamos 5 sugestões de harmonização de vinhos com jaquetas. É só vestir, abrir o vinho e ver se de alguma maneira os aromas conversam. Qual uva combina com uma jaqueta punk dos Ramones? Qual vinho combina com uma jaqueta uber-fashion do Rick Owens? E, principalmente, qual é o melhor vinho para tomar com o seu jaleco escondido lá no fundo do armário? É só fazer o teste. A princípio pode parecer meio estranho. Mas é um bom pretexto para comprar um vinho diferente e/ou uma jaqueta novinha.


RAMONES PERFECTO JACKET   x   PULENTA ESTATE 



Porrada, simplicidade e volume. Esse é o critério. Para acompanhar as jaquetas "perfecto" de Dee Dee, Jonhy, Joe e Tommy, escolhemos um dos vinhos mais potentes já feitos, tanto em termos olfativos quanto gustativos. Pulenta Estate Malbec 2008. 100% Malbec, 100% potência. A escolha do Pulenta foi muito mais pela pancada que é o vinho do que por qualquer relação aroma/couro. É tão volumoso e intenso que o sabor permanece na boca por mais tempo do que qualquer canção do Rocket to Russia: uns 3 minutos. E para afinar ainda mais os 3 acordes da harmonização, sua graduação alcólica é de 14,6%. Afinal, quando o assunto é Ramones, quanto mais alcool melhor. GrandCru (11/30626388).


TYLER DURDEN JACKET   x   ANIMA NEGRA


  


Aí está um desafio. Qual o melhor vinho para se tomar com a jaqueta de couro de ninguém menos do que Tyler Durden? O cara não estava para brincadeira. Simplesmente fundou o Clube da Luta e morreu ao som de Where's my Mind do Pixies. Vermelha, vintage, surrada e carregada de estilo essa jaqueta não pode ser tomada com qualquer vinho, nem qualquer produtor. Por isso depois de muito trabalho, achamos um vencedor. Anima Negra. Um vinho espanhol feito em Mallorca, com cepas misteriosas e obscuras: callet, fogoneu e manto negro. O vinho é intenso, selvagem, concentrado e único. Começou como um vinho de garagem, feito por  um bando de amigos de Mallorca em 94. Eles simplesmente fermentavam as uvas em um tanque de leite no quintal e faziam toda a vinificação com equipamentos de segunda mão, na base do improviso. Fazendo um grosseiro paralelo entre o corpo do vinho e o corpo de um ser humano, esse vinho é tão diferente, indie e peculiar, que ele seria o corpo de Bob, um dos personagens do filme. Caso você não se lembre dele, segue uma foto logo abaixo. Mistral (www.mistral.com.br)



MINHA JAQUETA NOVA   x   LA VIELLE FERME













Essa é uma jaqueta recém-adquirida na AllSaints de Paris, uma das lojas mais legais para roupas masculinas, lá na Rue Etienne Marcel: www.allsaints.com. Como seu couro de carneiro é macio e leve, harmonizamos com um vinho de corpo médio, fino, de aroma vivo e picante: o  La Vielle Ferme 2008. Um vinho diferente original, produzido com técnicas orgânicas em Côtes du Ventoux, no Vale do Rhône. Seu corte não é nada óbvio: 50% Grenache, 20% Syrah, 15% Carigna, 15% Cinsault. E seu rótulo, com o galo malandro paquerando a pura e inocente galinha, é muito, muito legal. WorldWine (11/30853055) E um ps: se você for para a França, aproveite para experimentar o La Vielle Ferme no caminho. Esse é o vinho que a Air France anda servindo nos vôos intercontinentais. 


BALMAIN   x    CHATEAU GUIRAUD-CHEVAL-BLANC


Você pode escolher entre comprar essa jaqueta da marca francesa Balmain para a sua namorada ou uma vinícola inteira para você. São praticamente o mesmo preço. Com a diferença de que com a vinícola você pode produzir seus vinhos, recuperar o investimento e aí sim conhecer uma sirigaita e lhe comprar a jaqueta. Por ser uma peça elegante e chique, ela pede um vinho a altura: intenso, seguro, ao mesmo tempo feminino, elegante e, claro, francês. O Chateau Guiraud-Cheval-Blanc 2006, um bordeaux que é tudo isso e um pouco mais. Feito com 75% merlot, 20% cabernet e 5% Malbec/Cabernet Franc, sua cor é rubi brilhante e seu aroma de couro é bem intenso e profundo. Um vinho mais sério e contido, mas que vai se revelando a cada gole. Provavelmente como a sirigaita da jaqueta. Vino&Sapore (11/46126343).


RICK OWENS x ARDANZA RESERVA

 

Se tem um cara que não dá ponto sem nó esse cara se chama Jay-Z. Ainda mais quando o papo é comprar um  jaleco novo para o show. A peça em questão é do estilista americano esquisitão radicado na França Rick Owens. Assim como o Jay-Z não dá bola fora escolhendo esposas e jaquetas, precisamos de uma opção segura e forte para a harmonização. Por isso fomos mais uma vez até a Espanha buscar um vinho que, além de couro no aroma, trouxesse elegância, equilíbrio e tradição. O Viña Ardanza Reserva - La Rioja Alta S.A. é um clássico da região de Rioja. 80% Tempranillo, 20% Garnacha, ele consegue ser sedoso e envolvente, mas sem excessos. Se eu fosse o Jay-Z escolheria tranquilamente esse vinho para tomar com a Byonce em um jantar pré ou pós show. É, se eu fosse o Jay-Z eu faria várias coisas. Zahil (11/30712900)