VINHO + ROCK ALTERNATIVO + ETC.

terça-feira, 22 de março de 2011

LA CRAU # UM BOM VINHO PARA HARMONIZAR COM ARCADE FIRE.

    
      Nunca uma banda de rock independente chegou tão longe. Em 2005 o Arcade Fire já era capa da Time Magazine, com o título "A banda que colocou a música do Canadá no mapa mundial". Hoje, em 2011, com o Gramy de melhor albúm do ano na prateleira, os caras continuam apavorando. E tudo graças a quem? Sim, sim, sim - o cara do post ali de cima: David Bowie, o camaleão magrinho. No começo de tudo, ainda na época do Funeral, Bowie assistiu a um show do Arcade, gostou e os apresentou para as gravadoras. Simples assim. Daí em diante foi só festa. Abrir para U2, clipes mirabolantes, turnês mundiais, etc. É mole? Uma mistura de sorte, competência, astrologia e indie-rock.
 
          Uma das principais características do Arcade Fire é a quantidade e a variedade de instrumentos que Win Butler, sua mulher Régine Chassagne e aquela penca de gente tocam no palco - de xilofone a pandeirinhos. E tudo isso com uma dinâmica assustadora ao vivo. No próximo reparem num ruivinho água-de-salsicha tocando tambor no palco. Simplesmente violento. Um som gordo, cheio e vibrante. As mesmas características que nosso super vinho deve ter: cheio, gordo, vibrante.
         
                  Por isso nosso escolhido é um Chateneuf-du-Pape. Igualzinho ao Arcade e seus  instrumentos, esse vinho pode ser composto não de uma, duas ou três uvas - mas 13 variedades. O Chateau de Beaucastel, por exemplo, tem Grenache, Mourvédre, Syrah, Cinsault, Muscadin, Counoise, Vaccarése e Terret Noir em sua composição. Mas por ter um preço exorbitante, acessível apenas para o nosso camarada David Bowie, escolhemos um outro Chateneuf, um pouco mais em conta. E vale ressaltar que é literalmente "um pouco", já que por ser uma região pequena, todos os vinhos com essa terminação são caros, raros e especiais. A harmonização perfeita para Arcade, portante, é o Vieux Telegraphe La Crau 2006. Um Chateneuf marcante, gordo e cheio, que consegue ser quente e intenso sem perder a sensibilidade, sem apelar para a agressividade. Igualzinho ao som dos nossos amigos canadenses.
          Vale dizer que a região se chama Chateneuf-du-Pape porque foi a residência do Papa há séculos atrás. E vale dizer que o Arcade Fire simplesmente comprou uma igreja para gravar Neón Bible, devido a sua acústica. Coincidência? Sim, sim. O que nos dá ainda mais certeza desse ser o vinho certo para a banda. R$ 350,00 / Expand.
Papa + Arcade +13 uvas + xilofone + Régine = good.

 

domingo, 20 de março de 2011

UM VINHO PARA TOMAR OUVINDO BOWIE - FASE ZIGGY STARDUST

Bowie aos 4 anos, quando ainda não podia beber vinho e/ou fumar cigarros.
          O que harmonizar com o camaleão? Tarefa difícil essa. Por isso o melhor é dividir nosso genial amigo David Robert Jones em fases, e aí sim achar o melhor vinho para degustar escutando suas canções. A fase Ziggy Stardust foi sem dúvida um marco na história do rock-pop mundial. Não apenas um som, mas uma imagem e uma filosofia pop que influenciou de Beatles a Chemical Brothers. E o visual? Era o primeiro e corajoso menáge entre rock, maquiagem e tintura para cabelos. E qual vinho harmonizar com nosso Starman? No mínimo, o vinho deve ser igual a turnê de Ziggy and Spider from Mars: pop, pop, pop - mas sem deixar de ser único, exclusivo e original. A turnê foi 100% sold out na Europa, Estados Unidos e Japão. E tudo isso em 1972, quando a globalização, a internet e o facebook eram idéias tão lisérgicas quanto uma banda de aranhas vindas do planeta vermelho.

         Por isso nosso vencedor é o mais pop e clássico dos vinhos, mas ao mesmo tempo cheio de terroir e originalidade. Um vinho-hit. Na verdade, mais do que vinho, é uma região: Bordeaux. Você encontra pelo menos uma garrafa de Bordeaux em qualquer menú de qualquer lugar do Cosmo. Se existir vida em outro planeta, eles provavelmente já fizeram duas coisas: 1) ouviram Bowie e gostaram. 2) Tomaram um bordeaux e gostaram. E talvez eles tenham facebok também. (?) É fácil imaginar Ziggy tomando uma taça, fumando seu cigarro fino, com seu cabelo vermelho harmonizando com o rubi do vinho. E é fácil e muito, muito legal abrir um bordeaux expressivo, único e pop como Bowie. Por isso aí vão duas sugestões, uma para cada tipo de bolso.


       Mouton Cadet Reserva 2008 - um dos bordeaux mais acessíveis, fáceis e honestos do mercado. Um clássico da linha de front da região, mas que leva o sobrenome do Baron Philippe de Rothschild. Você encontra por 60 a 80 Reais em várias importadores e até mesmo restaurantes. Seu primo, um pouco mais caro nas cartas, mas na mesma onda, é o Chateau Bel Air, que na Expand sai por R$69,00.
Chateau Malartic Lagraviere 2005 - um vinho não tão conhecido de Bordeaux, mas espetacular. Robert Parker, fã declarado de Bowie e seu amigo pessoal, lhe deu 92 pontos. Sai por salgados (mas nem tanto quanto outros Bordeaux) R$420,00 na Grand Cru.